domingo, 17 de janeiro de 2010

2. Seu relacionamento sapiencial e amoroso com Deus Pai

Por que Cristo foi o nosso Redentor?

A dívida contraída com o pecado de Adão era infinita, e só um Deus, tendo mérito infinito, poderia pagar essa dívida. Nenhuma criatura, e nem todas as criaturas juntas, sendo finitas, poderiam pagar a dívida infinita contraída pelo pecado de Adão.

Para salvar o homem, então, só havia um meio: que Deus se tornasse homem e assumisse as culpas dos homens, sacrificando-se por eles, para satisfazer a justiça infinita de Deus.

E esse sacrifício propiciatório, que Cristo realizou no Calvário, é repetido em cada Missa, quando o sacerdote, pela transubstanciação do pão e do vinho no corpo e sangue de Cristo, oferece, de novo, o próprio Cristo a Deus Pai, --e não ao povo -- em pagamento de nossos pecados. Daí o valor infinito da Missa. Daí o respeito infindo que se deve ter na Missa, como renovação do sacrifício da cruz, como salientou o Papa João Paulo II, várias vezes, em sua última encíclica Ecclesia de Eucharistia.

E por que foi a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade -- o Filho -- que se encarnou no seio de Maria sempre Virgem, e não outra Pessoa Divina ?

O Filho é A Imagem de Deus Pai, a Idéia que Deus tem de Si mesmo, a Sabedoria de Deus, o Verbo de Deus (Cfr no site Montfort, nosso artigo As Processões em Deus).

Ora, foi no Verbo que Deus criou todas as coisas: "Todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada foi feito"(Jo. , I, 3).

Explica São Tomás, que assim como um artista, primeiramente tem, em sua mente, a idéia do que vai fazer, assim Deus teve em sua mente, no Verbo, Inteligência de Deus, as idéias de tudo o que ia criar.

Assim, antes de criar Adão, Deus tinha idéia do homem em sua Inteligência, no Filho.

Ora, quando se vai restaurar ou reconstruir um edifício arruinado, procura-se fazer isso seguindo a planta original. Adão arruinara a obra de Deus. Pelo seu pecado, o homem ficara em ruínas. Para restaurar o Homem, era conveniente seguir a sua "planta" original, a idéia de homem que havia no Verbo, criador de todas as coisas. Por isso, foi o Verbo de Deus que se encarnou E daí Pilatos dizer uma profunda verdade teológica quando apresentou Cristo coroado de espinhos ao povo judeu, dizendo solenemente: "Ecce Homo! " Eis O Homem. (Jo., XIX, 5).

Realmente, Cristo era O Homem, o Novo Adão, perfeito

E por que Deus sacrificou o seu próprio Filho para salvar suas criaturas, as suas ovelhas ?

O próprio Cristo nos responde a essa pergunta, ao nos dizer, no Evangelho:

"Por isso meu Pai me ama, porque dou a minha vida para outra vez a assumir. Ninguém ma tira, mas eu por mim mesmo a dou e tenho o poder de a dar, e de a reassumir. Este é o mandamento que recebi de meu Pai" (Jo., X. 18)

O mandamento que Cristo recebeu do Pai é o do amor. O Pai ama o Filho, e o Filho ama o Pai, e esse mútuo Amor é o Espírito Santo que procede do Pai e do Filho (Ex Patre Filioque procedit). Esse Amor Infinito é que leva o Filho de Deus encarnado, Cristo, a dar a sua vida por suas ovelhas.

Amar, hoje, é uma palavra gasta, e até certo ponto prostituída pelo abuso que se faz dela. Amar não é gostar. Gostar é egoísta. Amar é querer bem ao outro. Amar é sempre altruísta. Ama-se de verdade, quando se quer o bem do outro, até com prejuízo de si mesmos. E o máximo amor consiste em querer para o outro o Bem absoluto, Deus. Cristo nos amou, porque quis nos dar Deus, e dando-nos Deus, dar-nos a Vida, pois Deus é a Vida.

Note-se, ainda, como Cristo afirma ser a sua morte inteiramente voluntária: ninguém poderia tirar-lhe a vida. Ele a dá, porque quer dá-la. E anuncia a sua ressurreição, ao dizer que reassumirá a vida, quando Ele quiser, mostrando a sua onipotência.